26 de outubro de 2015

Não seja escrava, não saia de uma prisão para entrar em outra.

Quando tudo mudou...
Não me lembro o dia, a hora ou o dia da semana. Mas me 
lembro bem, que um dia acordei, me olhei no espelho e não 
me reconheci. Sei que foi no ano de 2008, quando não se 
tinha essa frescura de Transição Capilar.

Fui ao cabeleireiro e pedi para ele cortar "TODO" o meu cabelo. Ele me olhou cismado e perguntou se eu tinha certeza, eu disse que "SIM".
Lembro das críticas que ouvi, lembro dos olhares tortos para mim... Não só de pessoas com a pele clara, mas principalmente das mulheres de pele escura. Mas isso não me importava, eu estava cansada de tentar ser o que eu não era, gastar o dinheiro que eu não tinha, para manter um cabelo que não era meu e não combinava comigo.
Ir ao salão era luxo, eu mesmo lavava, hidratava e pranchava meu cabelo e ainda assim ficava aquela coisa horrorosa, sem definição. Muitos me elogiavam, diziam que eu tinha o rosto bonito, mas eu via em seus olhares e no silencio a repulsa com o meu cabelo.
Quando eu cortei, foi aquele choque, mas conforme o tempo foi passando, os mesmos que me criticaram, passaram a me elogiar.
Mas depois de um tempo, os motivos para criticar eram outros...
Marcela você tem que hidratar o cabelo, Marcela você tem que mudar esse corte, Marcela você tem que baixar... Ai eu me irritei e resolvi raspar.
Meu cabelo estava lindo, confesso, mas resolvi doar. Porque diferente de muitas negras que eu conheço, eu jamais vou me permitir ser escrava do meu cabelo ou do que a sociedade tenta me enfiar guela abaixo todos os dias.
Eu sou a favor da ACEITAÇÃO CAPILAR e de ser quem eu quiser, com o cabelo que eu quiser... Sem me aprisionar a isso.
Não sai de uma prisão para entrar em outra...





Depoimento dado por: Marcela Moraes

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