29 de dezembro de 2015

Religião Tradicional Iorubá - Orixás Cultuados

1° Orixá Cultuado  


Muitos podem não se identificar com esta nova postagem, porém outros irão toma-lá como uma nova forma de conhecimento. Enfim, o objetivo do meu trabalho não é apenas difundir o pensamento de que homens e mulheres negras devem assumir sua africanidade deixando seus cabelos crescerem ao natural, mas sim mostrar que a cultura negra pode vir a se manifestar de várias formas diferentes, e uma dessas formas é através da religião "Candomblé".
 Por este motivo, venho através desta postagem esclarecer um pouco do que eu sei e pesquisei sobre a religião. Este é o primeiro post da sequencia, pois são muitos orixás e há muito o que explicar, por este motivo dividi o post, para não torna-lo algo cansativo de se ler, afinal meu objetivo é fazer dos constituintes da cultura africana algo atrativo para os leitores. Mente aberta e aproveitem...
  • Exú
Inteligente e arguto, Exu é o grande mantedor da ordem, da organização e da disciplina. Defensor da justiça, bom amigo e bom conselheiro, é também alegre, leal e fiel. Considerado um dos mais importantes orixás do panteão iorubá, Exu, o Inspetor Geral de Olodumare e o fiscal dos rituais na Religião Tradicional Iorubá, age associado a Orumilá-Ifá que, segundo as narrativas míticas, é o seu melhor amigo. Relaciona-se com todos os orixás e com todos os seres dos reinos mineral, vegetal, animal e humano. Está sempre presente nos locais de encontro de caminhos, representados pelas encruzilhadas. Presente também no encontro do orun com o aiyê, favorece o equilíbrio entre forças materiais e espirituais, possibilitando a realização de um bom destino.

Promove alívio para os sofrimentos e, como foi atribuído de poder para manipular o ebó, pode influenciar o destino. Nos rituais de ebó é Exu quem propicia a energia necessária à sua manipulação e transporte e é a ele que compete estabelecer canais de comunicação entre o sofrimento humano, o ebó e as divindades que o receberão para promover alívio do sofrimento humano.

A influência desse orixá sobre um destino, inclusive corrigindo caminhos cuja escolha foi determinada por um mau ori, é possível, desde que seus princípios sejam adotados e respeitados: ordem, organização e disciplina. Esses princípios se manifestam através da prática de virtudes como lealdade, respeito, coragem, perseverança e, principalmente, paciência. A ordem surge do caos e a justiça, muitas vezes, decorre da injustiça. Sendo Exu detentor dos princípios básicos da paz e da harmonia, a ele compete regular a ordem, impondo disciplina e organização, opostos da confusão e da desordem. Disciplina e organização conquistam-se através do exercício da paciência.

Exu é uma personagem controversa, talvez a mais controversa de todas as divindades do panteão iorubá. Alguns o consideram exclusivamente mau, outros o consideram capaz de atos benéficos e maléficos ao mesmo tempo e outros, ainda, enfatizam seus traços de benevolência. E quando o assunto é tal orixá, ocorrem confusões e equívocos relacionados ao mesmo, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra. Em grande parte da literatura Exu é apresentado como um ser ambíguo, como já dito anteriormente, uma entidade neutra entre o bem e o mal ou, simultaneamente, bom e mau; por vezes é apresentado como o inimigo do homem. Um provérbio iorubá elucida a respeito dessa atribuição feita ao Orixá Exu: Olotó ni òtá aiyé (Aquele que diz a verdade é inimigo dos seres): aponta para o fato de que Exu julga e, ao manifestar a verdade, nem sempre agradável de ouvir, é considerado um inimigo. Contudo, maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
             DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!

Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação, na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia, Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens. Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda sempre estão agradando Exú de alguma forma. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um guardião e proteja o seu negócio. É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores. Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.

Características dos filhos de Exu

Os filhos de Exu são alegres, sorridentes, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior número possível de amigos.
Rapidamente, os filhos de Exu se tornam pessoas populares, amadas por uns, odiadas por outros. Extremamente dinâmicos, os filhos deste orixá não se desanimam nunca, mantêm sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.
Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa lábia, com charme conseguem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.
Os filhos de Exu possuem uma facilidade impressionante para entrar e sair de confusões, são do tipo que arma a bagunça, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Esquecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se vingar. Gostam da rua, das festas e das conversas intermináveis, comportamento próprio de um orixá que é só alegria.

15 de dezembro de 2015

Aprendendo com as raízes - Gèlèdé, o Poder feminino

A palavra "Gèlèdé" possui diversos significados, e os mais característicos são:

  1. Forma de sociedade secreta feminina de caráter religioso existente nas sociedades tradicionais yorubas. Que tem por objetivo expressar o poder feminino sobre a fertilidade da terra, a procriação e o bem estar da comunidade.
  2. É também um festival anual, onde "nossas mães" (awon iya wa) são homenagiadas, não tanto pela sua maternidade, mas como ancião feminino. Tal festividade ocorre durante a época seca (março-maio) entre os Yorubas do sudoeste da Nigéria e o vizinho Benin.
 A Gèlèdé celebra a sabedoria das mães anciãs e mulheres entre os yorubas. O festival inclui máscara (ou adorno de cabeça, uma vez que não cobrem o rosto) usado pelos homens que vestidos como mulheres mascaradas para acalmar as mulheres mais velhas da tribo. Dança e música são parte integrante da cerimônia, que utiliza elementos tradicionais da música yoruba incluindo percussão complexa e músicas. O Gèlèdé é precedido por uma cerimônia chamada Efe, que tem lugar na noite anterior.
A palavra Gèlèdé designa ao mesmo tempo um orixá, uma corporação de seres espirituais, o conjunto dos ancestrais femininos da humanidade, o culto a estes ancestrais e sua instituição, Egbé Gèlèdé.

Imagem da cerimônia Gèlèdé

2 de dezembro de 2015

Quem disse que cabelo black é só pra quem "tem cor"?

Parem de estereotipar tudo!



Hoje me veio a cabeça a seguinte questão, " Para usar cabelo estilo Black, seja ele crespo, cacheado ou ondulado, é necessário ser negra?".
Tal questionamento me intrigou visto que, hoje no caminho para o trabalho, encontrei uma conhecida minha da época em que fiz o ensino médio, e lembro-me que quando eu estava terminando os estudos, ela entrou em transição capilar e poucos meses depois passou pelo big chop. Da última vez em que a vi seu cabelo estava bem curto com no máximo uns três dedos de raiz. E hoje quando a encontrei, ele já estava bem maior, sedoso, com cachos bem definidos, e o mais importante ela estava linda com sua aparência natural.
Enquanto conversávamos, ela me confessou que sua mãe estava surtando com o volume que seu cabelo havia adquirido, e que ela sempre diz a ela: "- Este tipo de cabelo é bonito porém não se adéqua a cor de sua pele, pois bonito para quem tem cor."
Logo, eu disse a ela que eu não achava que esse tipo de cabelo é para quem tem cor, mais sim para quem tem atitude, afinal o que é cor?
Não gosto de estereotipar as pessoas, as roupas que usam ou os cabelos que escolhem ter, ao passo que já tem muitas pessoas fazendo isso. 
Tenho a seguinte concepção, cabelo black não tem cor, raça ou biotipo definido, é simplesmente uma decisão, uma tomada de atitude e rédias da sua vida, não querer se encaixar nos padrões da sociedade é uma escolha. Você decide se quer ou não ser da forma que todos querem que você seja. 
Muitos podem discordar e dizer que isto é um ato de apropriação cultural, assim como fazem com a questão do turbante. 
Contudo, não encaro tais fatos como um ato de apropriação cultural mas sim, como uma difusão cultural onde todos podem manifestar suas culturas e propagá-las de modo que ao serem vistas por pessoas de outros países, raças, ou crenças diferentes e estas mesmas pessoas se identificarem com o que lhes foi apresentando. Eles terão o livre arbítrio e o direito de manifestarem em si estas culturas.
Enfim, este é um assunto muito delicado a ser discutido, mas estamos aí, abertos a críticas e a comentários construtivos.










O Tempo Muda Tudo

Olá meus queridos, eu sei ... já faz muito tempo que  não nos encontramos por aqui né. Para ser mais exata, fazem 3 anos que eu não escrevo ...